A MPB deve ao rock a sua
liberdade! Não fosse pela tendência natural do fenômeno rock'n'roll à
originalidade e à delinquência, a música brasileira estaria
pra sempre limitada ao fusionismo e à malfadada receita modernista de que é
moldando-se e corrompendo-se que se faz uma identidade cultural. Em nome de uma
"música nacional", buscaram-se modelos ideais, bebeu-se em pseudoclássicos,
instituíram-se metas para o que deveria ser "brasileiro" - nem
branco, nem preto, nem vermelho, nem amarelo, nem suas gradações; mas branco,
amarelo, azul e verde... Apenas isso! Positivamente, isso! E o som era
esse. Rezava-se essa cartilha, e, de regra, essa ainda é a oração...
Pelo lado mais conservador da música brasileira, há os que
exercem e sempre exerceram o cômodo e resignado movimento do retorno às
"raízes", sem mesmo saber o que os mantêm fixos ao chão... "E
base não se mexe. E em base não se mexe!" Como se a arte estivesse aos
pés; como se a arte não se fizesse no ponto mais alto do ser humano - na
cabeça... Se a base não se mexe, faltava então um estalo em outro CANTO. Pra
sair do impasse, faltava atitude na primeira arte brasileira...
Independentemente do molde imposto à música rock, há rock por
toda parte. Porque rock não é apenas música: é tudo o que tende à
perversão do convencional - na música, na vida; rock é tudo o
que tende à originalidade, à delinquência, inclusive e sobretudo, o que tende
à ruptura do próprio molde.
A MPB (se é que isso de fato existe) tende
naturalmente ao conservadorismo, justamente porque pretende ser "a"
música nacional, e, por isso mesmo, caminha de lado e a passos lentos, e cria
suas gradações na mesma direção e no mesmo ritmo. Enquanto no mundo o rock trincava
janelas, quebrava telhados, punha-se no meio dos caminhos para provocar quedas,
quebradeiras e impactos, no Brasil, sempre tentou-se corrompê-lo, para edificar
a pretensa MPB. Mas nem toda pedra serve pra calçada...
Sorte nossa que, em todo CANTO, surgem estalos, acham-se pedras soltas.
E essas coisas, quando surgem, são pra se jogar... Pra todo lado! De
preferência, mirando na cabeça mesmo - lá, onde se faz ARTE.
Texto de Márcio Cerqueira.
O que importa é fazer 'arte', em todos os sentidos que esse termo pode levar.
ResponderExcluirMax Müller C. Sobrinho